sexta-feira, 22 de abril de 2011

FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA

 A filosofia do período contemporâneo é caracterizada por uma grande diversidade de linhas e visões, que se construíram com uma grande velocidade, a qual é influenciada pelos novos tempos, pela sociedade fabril, pela era da comunicação, pela influencia da “ciência”.

O Mundo Contemporâneo

A maioria dos autores delimita o início do período contemporâneo na Revolução Francesa, no final do século XVIII. Na verdade a segunda metade do século XVIII nos reserva vários acontecimentos que juntos no trazem uma série de novidades, um conjunto de mudanças que farão mudar o modo de vida e de pensar na Europa e consecutivamente no mundo todo.
A revolta popular ocorrida na França somente é a expressão política (prática) de uma série de idéias que já vinham sobrevoando a Europa a mais de um século. Os iluministas pregavam a liberdade e a igualdade, bem como uma ética governamental muito mais avançada do que a que era expressada pelos reis da Europa. Muitos foram os homens da idade Moderna que em sua redescoberta do passado greco-romano, proclamavam o ideal republicano e distribuíam sonhos democráticos.
Mas a Revolução Francesa não foi a primeira expressão destas idéias. Dizer isto é esquecermos do levante das treze colônias da América do Norte, que foram as primeiras a declarar sua independência, e muito mais que isto: o primeiro país a ter uma constituição republicana. Com os Estados Unidos consolida-se pela primeira vez o ideal da liberdade, igualdade e fraternidade. Claro que no contesto mundial da época dava preponderância de valor e significado aos acontecimentos da grande metrópole européia.
Ainda no século XVIII surgem as máquinas à vapor. Rapidamente aquilo que teve inicio na Inglaterra, na fabricação de tecidos, estendia-se por toda a Europa e já chegava a muitas colônias, não limitando-se só ao setor têxtil. A máquina dará origem a um novo modo de produção: a fábrica.
E a fábrica se encarregou de mudar o modo de vida do mundo inteiro, em vários aspectos: 1. A fábrica irá produzir com muito mais velocidade e usando de bem menos mão-de-obra (tempo de trabalho) aplicado, isso irá gerar uma popularização de um número cada vez maior de bens de consumo que terão preços cada vez mais baixos; 2. A fábrica irá precisar de muita mão-de-obra no meio urbano o que ira ocasionar um movimento crescente de êxodo rural e o surgimento de grande contigentes de pessoas que ocuparão de forma irregular o espaço urbano; 3. A fábrica exigirá de seus operários, principalmente nos primeiros tempos, uma grande carga horária de trabalho, tanto para homens, mulheres e crianças que precisarão regrar seus corpos a um trabalho que considera-se a extensão da ação da máquina. Na fábrica as pessoas traçarão seu tempo de trabalho por dinheiro, dando preponderância ao trabalho assalariado; 4. A fábrica cria um novo modo de vida familiar, agora regrado pelo tempo e pelo patrão, não mais pelo clima e pela vontade, como era no meio rural. Na cidade, na sociedade fabril a família separa-se durante o dia inteiro, apenas encontrando-se para alimentar-se e dormir. Estes são apenas alguns entre muitos aspectos.
O século XIX é marcado pelos muitos movimentos de independência das colônias americanas que se emancipam, pelo menos no âmbito político, das suas ex-metrópolis. E este também será o século da expansão européia sobre o continente asiático e o africano (neo-colonialismo), motivada por um pseudo interesse de levar o progresso a estes, mas que na verdade trazia consigo a necessidade européia por ampliação do mercado consumidor dos produtos industriais, bem como a busca por matéria-prima e por mão-de-obra barata para a produção.
Ainda no século XIX, surge na Europa uma série de grupos e pensadores que irão opor-se às péssimas condições de trabalho e aos baixos salários oferecidos por muitos burgueses. No bojo deste movimento sindical surgem também as idéias comunistas e anarquistas, junto com uma série de variações de pensamentos socialistas. Estes movimentos irão mudar o mundo do trabalho na Europa ocidental em todo este século e motivar movimentos em vários lugares do mundo em todo século XX.
O século XX já se foi, mas nos deixou impressões diversas. Ao que parece, este foi um século longo de mais por sua grande quantidade de acontecimentos relevantes, e talvez curto de mais, por não resolver em si mesmo os paradigmas que trouxe consigo. Este século inicia com uma Europa em conflito pela disputa pelas áreas de influência e domínio industrial na África e na Ásia. Este interesse pelo domínio e influência mundial, que tinha fundo comercial, levou as nações européias bem no início deste século a uma guerra lenta, sangrenta e de grande destruição. Esta guerra fortaleceu os EUA que forneceu equipamentos e alimentos, bem como emprestou dinheiro à vários países. Em meio à esta guerra, sem que ninguém desse muita importância, acontecia na Rússia uma revolta popular, que por fim instituiu o primeiro governo de cunho comunista da história. E esta guerra não encerrou em si seus grandes conflitos, pelo contrário, proporcionou o clima de ódio e de desconfiança nas instituições democráticas que deram origem ao Fascismo e ao Nazismo, que baseavam-se em teorias dos novos filósofos para afirmar sua superioridade. Uma segunda guerra, esta muito mais violenta, mundial e tecnológica teve que dar fim à questão, trazendo para o primeiro plano do poder mundial duas nações emergentes e com cartilhas totalmente opostas: os Estados Unidos da América e a União da Repúblicas Socialistas Soviéticas – formada pela Rússia e vário países que esta tirou das mãos de Hitler durante a guerra, entre elas a metade oriental da Alemanha.
Quase todo o restante do da história política e social deste século foi marcada pela dualidade entre o sistema capitalista e o socialista. Ambos endureceram e o mundo fechou-se todo em ditaduras, a democracia era algo raro. Matava-se em nome das teorias políticas. China, Cuba, Coréia, Vietnã e dezenas de outros países experimentaram movimentos revolucionários de cunho comunista que tiveram êxito, tomando o poder. O mundo vivia duas utopias distintas de um mundo maravilhoso e perfeito. Mas ambas contavam com algo em comum para alcançar tal paraíso – e não era com Deus: com o trabalho e a ciência desenvolvida pelo homem. Havia a idéia que poderia-s resolver, com o tempo, todos os problemas com o uso da ciência, pois este foi também o século das novas tecnologias, principalmente na área da comunicação e do transporte, que facilitaram uma maior integração e agilidade no movimentos das idéias no mundo todo.
Mas assim como toda a mentira, mesmo que bem contada, não há idéia rígida que resista ao teste do tempo. Os países capitalistas tiveram que se adaptar e criaram uma forma toda especial de valorização social do trabalhador e possibilidade de ascensão e seguridade social. E as nações socialistas passaram por crises de identidade, depois de várias trocas de líderes, foram abrindo-se à economia de mercado. E o mundo foi se abrindo para a democracia. O século XX termina com o fortalecimento do debate em torno de outras e novas questões existenciais da humanidade, que já vive mais estas grandes utopias de massa e agora confunde-se entre o consumismo e uma série de filosofias que aparecem cada vez mais no contexto de uma visão relativista da vida.

Os grandes pensadores Contemporâneos


Hegel e a Dialética:

Hegel (1770-1831) é um dos filósofos que tem origem nas idéias do Romantismo alemão. Em Hegel podemos encontrar os princípio do materialismo moderno, que depois irá tomar caminhos e direções diversas em Comte e Marx, dentre vários outros.
Segundo Jostein Gaarden:
“Todos os filósofos anteriores a Hegel tentaram estabelecer critérios eternos para o que o homem pode saber sobre o mundo. Isso vale para Descartes e Spinoza, Hume e Kant. Cada um deles se interessou por aquilo que constitui a base de todo o conhecimento humano. Só que todos eles falavam sobre premissas atemporais para o conhecimento do homem sobre o mundo. (...) Hegel achava impossível encontrar tais pressupostos atemporais. Ele achava que as bases do conhecimento humano mudavam de geração em geração. Por conseqüência, também não existiam “verdades eternas” para ele. Não existe uma razão desvinculada de um tempo. O único ponto fixo a que a filosofia pode se ater é a própria história.”[1]

Para Hegel apenas aquilo que é explicável através da razão é viável. Para ele a toda a história da humanidade é construída por luta de idéias, assim, ele nos compreende como produtos do pensamento e acontecimentos de nossos dias, que seriam produto de uma infinita luta de idéias opostas. A este movimento de eterna contradição ele dá o nome de “dialética”. Ele tenta até formular este movimento nos moldes da matemática: TESE + ANTITESE = SÍNTESE, sendo que assim que surge uma “síntese”, esta torna-se “tese”, dando início a um novo e infinito ciclo histórico de idéias e oposições.
É importante percebermos que com esta teoria Hegel está tentando afirmar que toda a história humana na verdade é fruto de um fenômeno cíclico e eterno, que poderia ser lido de forma matemática. É a tentativa de provar que a história da humanidade está na verdade propensa a um fenômeno mecânico, que não há novidade em nada disso, tudo pode ser “cientificamente” compreendido.

Comte e o Positivismo:
Augusto Comte (1789 –1857), criou o método positivista, que consiste na pura observação dos fenômenos através da experiência sensível, pois ele se opunha ao racionalismo e ao idealismo. Comte pregava que a observação sensorial era a única capaz de produzir a verdadeira ciência, que seria baseada em elementos positivos (reais). Qualquer outro método diferente deste era classificado como falso, por se justificar em idéias teológicas ou metafísicas, que – segundo Comte - preferem a imaginação à observação.
Comte também contribuiu para a classificação e conceituação das principais “ciências” de seu tempo, como a “Sociologia”, a “História”, a “Física”, dentre várias outras, dentro de seus agrupamentos.
O Positivismo de Augusto Comte afirma que o conhecimento “científico” é a única forma de conhecimento verdadeiro. Ele defendia a superação da religião ao criar sua teoria da evolução da humanidade nas seguintes etapas: animismo, politeísmo, monoteísmo e por fim “humanismo”. Para ele, com a chegada do conhecimento científico, o humanismo tomaria o lugar da fé. Baseado neste pensamento, em seus últimos anos de vida ele dedicou-se a criação de uma nova seita, a “Religião da Humanidade”, que chegou a ter templos espalhados por muitas e importantes cidades do mundo. Lá praticava-se ritos que levavam os participantes a refletir, lembrar e  homenagear os grandes pensadores da humanidade.

Marx e o Materialismo Histórico:
Podemos tentar compreender a idéias do alemão Karl Marx (1818 – 1883) a partir se sua célebre frase: "Os filósofos apenas interpretaram o mundo de várias maneiras, enquanto que o objetivo é mudá-lo". Ele atuou como economista, filósofo, sociólogo, teórico político e até como jornalista. Foi um revolucionário, seja por seu pensamento ou pela praticidade de suas idéias.
Marx aplicou sua interpretação histórica e economicista (materialista) sobre o conceito hegeliano de “dialética”. Marx reescreveu a história da humanidade, percebendo em cada uma de suas etapas a existência de um certo modo de produção no qual havia uma contradição de classes, uma luta de classes, o explorador contra o explorado. Era o “Materialismo Histórico”.
 Desde a antiguidade a historia humana era assim, e neste momento funesto em que vivia tratava-se da exploração do trabalhador – proletário – pela burguesia, classe que na última etapa era explorada pela nobreza, mas que tomou o poder e passou a explorar os trabalhadores. Ele elaborou uma série de idéias para provar quão injusta e irracional era tal subordinação, pois seriam os trabalhadores que produziam a riqueza, e ao mesmo tempo eram em maior número, enquanto a burguesia apenas lhes roubava a parte da riqueza gerada que lhes pertencia – mais valia – apesar desta ser em minoria. Tornava-se, nas idéias de Marx, imperativa a necessidade de uma rebelião dos trabalhadores, derrubando o regime da burguesia e suas instituições, tomando posse dos meios de produção – máquinas – e construindo uma ditadura do proletariado. Contendo um resumo, em linguagem popular, destas idéias, Marx lança em parceria com Friederich Engels “O Manifesto do Partido Comunista”
Seguindo a linha materialista de Feuerbach, as idéias de Marx vinham seguidas de uma forte tentativa de desmonte ou negação à qualquer tipo de afirmação religiosa. O fundador das idéias comunistas, ao afirmar suas convicções materialistas no contexto da vida social, chegou a afirmar que a “Religião é o ópio do povo”. Lançando, assim, em suas conclusões, as visões religiosas – teológicas - no campo das mentiras que servem apenas para manter a população anestesiada de seus problemas. Para ele, na sociedade comunista o povo teria acesso à cultura e não mais seria explorado, não necessitando mais da fé.

Darwin e a Teoria da Evolução
Charles Darwin (1809 – 1882), ao lado de Marx e Freud, constitui-se um dos mais importantes filósofos do período contemporâneo, responsável por alicerçar a visão materialista no âmbito da vida natural, da biologia. Ele foi um naturalista, nascido na Inglaterra e que alcançou fama ao expor para a comunidade científica sua teoria a respeito evolução das espécies e propor uma explicação de como ela se daria: por meio da seleção natural e sexual.  Em seu livro "A Origem das Espécies" ele apresentou sua idéia de que houve evolução a partir de um ancestral comum, por meio de seleção natural. Esta forma de ver o surgimento da vida claramente se opõe à interpretação religiosa, e no seu tempo isto gerou muita, muita polêmica, não que ela tenha terminado.
Outra conseqüência desta teoria é tirar da humanidade o ar de “especialidade”, de soberania que há em relação, em superioridade, aos outros seres. A teoria da evolução coloca o homem no mesmo patamar de qualquer outro bicho, explicando inclusive seu comportamento através da idéias de luta pela sobrevivência e perpetuação da espécie.



Freud e a Psicanálise
Sigmund Freud (1856 – 1939) foi um medido neurologista nascido na Áustria. As grandes constatações realizadas por Freud, iniciaram-se em seus estudos por meio da utilização da hipnose, em pacientes com “histeria”. Quando ele percebeu melhora ocorrida nos pacientes, passou a elaborar a hipótese de que a causa da doença era psicológica, não orgânica. Esta teoria deu aporte ao seu conceito de “inconsciente”, que provavelmente possa ser sua maior contribuição ao pensamento Contemporâneo. Ele deu ao “inconsciente” uma aparência de algo científico, ao propõem que a mente é dividida em camadas, dominada em certa medida por vontades primitivas (instintos) que estão escondidas por detrás da consciência e que se manifestam nos lapsos e nos sonhos. É isto que ele formaliza na sua obra “A Interpretação dos Sonhos”. Ele também conceitua a existência de um pré-consciente, que descreve como a camada entre o consciente e o inconsciente.
Tratando-se da prática médica, Freud cria a utilização clínica da psicanálise como forma de tratamento, através da conversa entre o paciente e o psicólogo.

Nietzsche e o ateísmo
Friedrich Nietzsche (1844 – 1900) é um filósofo alemão que passou sua vida beirando entre e lucidez e a loucura, morrendo, porém na loucura. Quando jovem estudou filosofia e teologia. Suas obras demonstram um radical ápice das idéias materialistas na Alemanha do final do século XIX.
Fazendo um breve resumo da idéias de Nietzsche, Jostein Gaarden escreveu:
“Nietzsche também reagiu à filosofia de Hegel e ao “historicismo” alemão que dela resultou. Ele atribuía a Hegel e aos seus sucessores um interesse anêmico pela história e confrontava este interesse com a própria vida. É muito conhecida a sua reivindicação por uma “revalorização dos valores”, sobretudo a moral cristã, que ele chamava de “moral escrava”, para que o curso da vida dos mais fortes não fosse mais obstruído pelos mais fracos. Para Nietzsche, o cristianismo e a tradição filosófica tinham se afastado do mundo e se voltado para o “céu” ou para o “mundo da idéias”. Esses dois últimos teriam se transformado no “verdadeiro mundo” e, na verdade, não passavam de aparência. “Sede fieis à Terra”, ele dizia, e “não acreditais naqueles que vos falam de esperanças além deste mundo!”[2]

Algumas de suas frases que demonstram seu tom ateísta foram: "O Evangelho morreu na cruz."; “A diferença fundamental entre as duas religiões da decadência: o budismo não promete, mas assegura. O cristianismo promete tudo, mas não cumpre nada."; "Quando se coloca o centro de gravidade da vida não na vida mas no "além" - no nada -, tira-se da vida o seu centro de gravidade."; "Para ler o Novo Testamento é conveniente calçar luvas. Diante de tanta sujeira, tal atitude é necessária."; "O cristianismo foi, até o momento, a maior desgraça da humanidade, por ter desprezado o Corpo."; "A fé é querer ignorar tudo aquilo que é verdade."

Sartre e o Existencialismo
O termo “existencialismo” é na verdade um grande tema que tem sido utilizado por muitos filósofos de forma diferente, mas é em Sartre que teremos a definição mais clara e objetiva deste pensamento.
Jean-Paul Sartre (1905 – 1980) é um filósofo francês que começa a escrever suas principais obras após a segunda grande guerra, nos anos de 1940. Ao afirmar que “o existencialismo é humanismo”, ele queria deixar claro que sua filosofia partia única e exclusivamente do ser humano, não buscando respostas fora dele, isso porque Sartre era ateu, por isso será possível perceber um tom sombrio e um pouco desesperançado em suas obras, em vistas do que a humanidade estava vivendo e fazendo em sua época.
O existencialismo de Sartre parte do pressuposto de que apenas o homem existe para si, ou seja, apenas a humanidade tem noção e percebe sua própria existência, mas ao contrário de outros filósofos, para ele esta existência não provem de uma “natureza” própria, uma linha que nos levaria a certas atitudes ou a certas preferências. Para ele nós simplesmente existimos e não há em nós um saber preexistente ou um ser superior para nos guiar, temos que fazer isto sozinho. Daí surge sua frase de impacto: “O homem está condenado à liberdade”. Ele coloca a liberdade como um fardo que devemos carregar, pois tudo que façamos de bom ou ruim dependeria apenas de nós próprios, não podendo o homem culpar os deuses, a sua natureza ou “o velho Adão” por suas atitudes. Par a ele existir significa criar sua própria vida.

Por

Dionísio Felipe Hatzenberger
Professor de História, Filosofia e Ensino Religioso



[1] GAARDEN, Justein. O Mundo de Sofia – Romance da história da filosofia. São Paulo: Cia das Letras, 1997. p. 386
[2] GAARDEN, Justein. O Mundo de Sofia – Romance da história da filosofia. São Paulo: Cia das Letras, 1997. p. 484


3 comentários:

  1. Está muito bom essa publicação. Primeiro ela apresenta os fatos históricos e em seguida, insere os nomes da Filosofia que discorreram no que acabou se tornando um assunto de pesquisa e investigação na Idade Contemporânea! Parabéns!

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